ESTUDO
DE SALMOS
O Livro dos Salmos é o maior e talvez o mais amplamente
usado livro da Bíblia. Ele explora o mais profundo da experiência humana de uma
forma muito pessoal e prática. Seus 150 “cânticos” permeiam da Criação aos
períodos patriarcal, teocrático, monárquico, exílico e pós-exílico.
A tremenda amplitude do tema nos Salmos inclui diversos
tópicos, tais como júbilo, guerra, paz, culto, juízo, profecia messiânica,
louvor e lamentação. Os Salmos eram entoados como o acompanhamento de
instrumentos de corda e serviram como hinário do templo e guia devocional para
o povo judeu.
O Livro dos Salmos foi gradualmente colecionado e
originalmente intitulado,
talvez
devido à grande variedade de material. Ele veio a ser conhecido como Sepher
Tehillim – “Livro dos Louvores” – em virtude de quase todo salmo conter
alguma nota de louvor a Deus. A Septuaginta (LXX) usa a palavra grega
Psalmoi como título para este livro, significando poemas entoados com
acompanhamento de instrumentos musicais. Ele também é chamado Psalterium
(coleção de cânticos), e esta palavra é a base para o termo
“Saltério”. O título latino é Liber Psalmorum, “Livro de Salmos”.
Uma apreciação dos princípios e da estrutura da poesia
hebraica é essencial para a compreensão apropriada dos Salmos e sua
interpretação. Também se torna necessária para perceber que aquilo que o
Ocidente consagrou como poesia tem pouca semelhança com aquilo que os hebreus
entendiam com o vocábulo.
A poesia hebraica teve grande popularidade em todo o
antigo Oriente Próximo. Numerosos exemplos desse gênero literário chegaram até
nós de Canaã (cujos músicos e cantores tinham fama internacional) bem como do
Egito e da Mesopotâmia. É evidente a contribuição que, nesse sentido, Israel
deu ao mundo cultural do seu tempo.
Na poesia hebraica não existe a rima, e é exato falar em
ritmo do que em métrica na poesia hebraica. Sua característica mais importante
é a repetição de idéias, denominada de Paralelismo. Uma idéia é afirmada e, logo
em seguida, é novamente expressa com palavras diferentes, sendo que os
conceitos das duas linhas se equivalem de forma aproximada.
Os
tipos de Paralelismo:
(1) Sinomínico:
consiste em expressar duas vezes a mesma idéia com palavras
diferentes, como em
Sl 113:7.
“Ele
levanta do pó o necessitado
E
ergue do lixo o pobre. (NVI).”
(2) Antitético: é
formado pela oposição ou pelo contraste entre duas idéias ou
imagens poéticas,
como em Sl 37:21.
“Os
ímpios tomam emprestado e não devolvem,
Mas
os justos dão com generosidade. (NVI).”
(3)
Sintético: aqui as duas linhas do verso não dizem a mesma coisa, mas antes, a
declaração da primeira linha serve como base sobre a qual a segunda declaração
se fundamenta. A relação é a de causa e efeito, como em Sl 19:7-8.
“A
lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma.
Os
testemunhos do Senhor são dignos de confiança,
E
tornam sábios os inexperientes.
Os
preceitos do Senhor são justos,
e
dão alegria ao coração.
Os
mandamentos do Senhor são límpidos,
e trazem luz aos olhos. (NVI).”
Regras para
interpretação dos Salmos:
1. Se houver uma
circunstância histórica que determinou a composição de um
Salmo, ela deve ser
cuidadosamente estudada. Salmo 3, 32, 51, 63.
2. Elemento
psicológico. Estudar o caráter do poeta e o estado de mente que
compôs o cântico.
3. Os Salmos são de
vários tipos diferentes.
4. Cada um dos Salmos
é caracterizado pela sua forma.
5. Cada um dos Salmos
também visa uma determinada função na vida de Israel.
6. Temos que
reconhecer os vários padrões dentro dos Salmos.
7.
Cada Salmo deve ser lido como uma unidade literária.
Figuras
de Linguagem
Como o próprio idioma hebreu, a
poesia hebréia usa imagens vívidas, símiles, metáforas, e outros dispositivos
retóricos para comunicar pensamentos e sentimentos. Vejamos algumas destas
figuras:
1. Símile: Esta é a mais simples de todas as figuras de
linguagem. Uma símile é uma comparação entre duas coisas que se
assemelham um ao outro de algum modo (cf. Sl. 1:3-4; 5:12; 17:8; 131:2).
2. Metáfora: Esta é uma comparação em que uma coisa é comparada
a outro sem o uso de uma palavra de comparação do tipo “assim como”. No
Salmo 23:1, diz Davi, " O Senhor é meu Pastor, " quer dizer,
Ele é um pastor e eu uma ovelha dele (também veja 84:11; 91:4).
3. Implicação: Isto acontece quando há só uma
comparação implícita entre duas coisas nas quais o nome de uma coisa é usado em
lugar do outro (cf. Sl. 22:16; Jer. 4:7).
4. Hipérbole: Este é o uso de exagero em cima
de uma declaração para acentuar um ponto (Sl. 6:6; 78:27; 107.26).
5. Paronomasia: Isto se
refere ao uso ou repetição de palavras que são semelhante em som, mas
não necessariamente em sentido ou significado para alcançar um certo
efeito. Isto só pode ser observado quando se lê o texto hebreu
original. No Salmo 96 se lê, " Todos os deuses
(kol-elohay) das nações são ídolos (elilim). Esta palavra posterior
significa “nada, cousa alguma”, ou “zero, fracasso total”; de forma que
poderíamos dizer isto, " Os deuses das nações são imaginações ou fantasias
". (veja também Sl.. 22:16; Prov. 6:23).
6. Pleonasmo: Isto envolve o uso de
redundância por causa da ênfase. Isto pode acontecer com o uso de palavras ou
orações. No Salmo 20:1 somos nós falando, “o SENHOR te ouça no dia da angústia;
o nome do Deus de Jacó te proteja. {ou ponha em alto} Aqui "
nome " parece ser redundante. Significa o próprio Deus e tem mais ênfase
do que se tivesse usado apenas o termo " Deus ".
7. Pergunta Retórica: O uso de
uma pergunta para confirmar ou negar um fato (Sl. 35:10; 56:8; 106.2).
8. Metonímia: Isto acontece onde um
substantivo é usado em lugar de outro por causa de alguma relação ou tipo de
semelhança que objetos diferentes poderiam agüentar a um ao outro (Sl. 5:9;
18:2; 57:9; 73:9).
9. Alegoria: É a figura de metáforas que se estendem ao redor de
um tema central. Salmo 80:8 ss.: Israel é aqui descrito como “uma videira
do Egito”.
10. Personificação: Fala de
objetos inanimados ou idéias abstratas comos e fossem seres vivos (Sl.35:10).
11. Apóstrofe: (semelhante à personificação) –
É a figura em que o orador se dirige a pessoas ausentes ou objetos inanimados
como se estivessem vivos e presentes (Sl.114:5-7).
12. Antropomorfismo: O nomear
de alguma parte da anatomia humana à Pessoa de Deus carregar algum aspecto de
Deus está sendo como os olhos ou orelhas (cf. Sl. 10:11, 14,; 11:4; 18:15;
31:2).
13. Antropopatia: Atribui a Deus paixões e
sentimento humanos (Sl.6:1).
14. Zoomorfismo: O nomeando de alguma parte de um
animal à Pessoa de Deus carregar certas verdades sobre Deus (cf. Sl. 17:8;
91:4).
Referências Bibliográficas:
CALVINO, João. O livro dos salmos. Trad.
Valter Graciano. Martins. São Paulo: Paraclétos, 1999.
LUTERO, Martinho. Obras selecionadas. São
Leopoldo: Sinodal. Porto Alegre: Concórdia. s/d.
YANCEY, Philip. A Bíblia que Jesus lia. Trad.
Neyd Siqueira. Editora Vida. São Paulo, SP. 2001